segunda-feira, junho 15, 2009

Blog-Joint: a participação do cidadão na vida pública e o dever de votar.


Da análise de décadas de observação, fica-nos a sensação, nítida, da existência no país, de uma classe de políticos e seus seguidores (que inclui todos os homens e mulheres com ambição de poderes), por um lado; e do outro, as populações das ilhas na sua sina secular de lutar para sobreviver às intempéries da vida num país pobre… onde a seca e a falta de meios imperam.
Contrastando com o período de luta para a independência e construção de um país livre e independente, em que todas as populações, dentro e fora das Ilhas, se empenharam e eram também parte… hoje impera a filosofia do ‘nada a ver(!) com a coisa pública’, cada um se preocupando mais com a sua forma de ‘safar e/ou enriquecer’, onde o centro das preocupações estará no ter/haver pessoal.
Mau desempenho dos políticos globalmente, o eternizar dos problemas n vezes diagnosticados mas sem solução, o desemprego, a pobreza… a contrastarem com a ‘demonstração quase pornográfica’ de riquezas conseguidas à custa de bens públicos e outras safadezas, de uns poucos… empurram para um ‘encolher de ombros’ e um consequente afastar do perfil de cidadão. ‘Eles não nos ligam nenhuma… estão preocupados consigo próprios… e travestidos de políticos preocupados, vêm ter connosco só quando precisam do voto…’
Hoje em Cabo Verde, para quem vivenciou o período da revolução nas Ilhas em que todos eram cidadãos empenhados, estamos nas antípodas… onde a coisa pública já só interessa a alguns. Estamos perante uma fábrica que constrói…‘não-cidadãos’. E torna-se absolutamente necessário e prioridade máxima voltar a formar cidadãos plenos…

Outras visões sobre o tema, no blogjoint:

Bianda/
Ku frontalidadi
Cafe Margoso
geração20j73
Blog di Nhu Naxu
Tempo de lobos
Passageiro em trânsito
Pedrabika
O jornal da hiena
Nos blogue
Amilcar Tavares
Emílio Rodrigues

15 comentários:

Cesar Schofield Cardoso disse...

Ninguém se pergunta sobre a quantidade absurda de impostos que paga? Ninguém se pergunta porque razão a vida é tão cara em CV? Nós também, enquanto a parte dos cidadãos conscientes da sua cidadania, temos que fazer este discurso pedagógico. Eu não aceito que o Estado/classe política me roube.

Ninguém pode/deve se abster deste debate, a não ser que queira ser um babaca, como dizem os brazucas

Unknown disse...

A tua visão é interessante. É caso para perguntar: Mas o que é ser cidadão?

Unknown disse...

Olha que havia aqueles que foram empenhados demais e...

geracao20j73.blogspot.com disse...

Tudo isto é verdade e a razão está na razia de protesto por parte dos cidadãos. Ninguém protesta contra. E uma forma é o não votar colectivo ou o votar em branco.

Fonseca Soares disse...

A solução quanto a mim, César, passa pela existência - de facto - de uma sociedade civil... que tem também o dever de cumprir com esse papel pedagógico de 'ajudar a elevar a consciência cidadã' de todos e de cada um, ao lado do Estado...
Tidi, 'o que é ser cidadão?' é uma boa questão... mas é claro que o primeiro 'sintoma' seria a 'vontade/necessidade' de participar da 'coisa pública', não?
JB, 'empenhados demais' não existe!
Existe sim, a atracção fatal que o poder exerce sobre as pessoas... 'curvando-as'.
E geração20j73, totalmente de acordo, o exercício do direito ao protesto é fundamental. Mas parece que não está no DNA crioulo...

Anônimo disse...

De zero a vinte, acho que a nossa classe política leva um 8 ou um 9. E como tudo na vida, os bons exemplos vêm de cima.

Por isso não sei se já chegamos ao ponto de não-retorno, a partir do qual será extremamente difícil termos uma sociedade civil interviniente e consciente da cidadania.

Fonseca Soares disse...

Inteiramente de acordo Amilcar. Felizmente ainda estamos longe desse ponto... e é por isso que existem esperanças, e 'tentativas de empurrão' no sentido duma sociedade civil consciente da necessidade da sua tb intervenção/participação.

Rony Moreira disse...

O DNA do crioulo não é capaz de reagrupar. O cabo-verdiano, assim como a maioria das sociedades estão manifestadas. E quem tem o poder não vai querer distribuir com os restantes.
Amílcar a sua nota devia corresponder a melhoria em tudo que é político no país. Precisa melhor o discurso, mais debates de ideias, mais incentivo a participação no dia-a-dia das questões do país. Tenho que concorda que houve melhoria como por exemplo as eleições directas dos dirigentes do partido.

Edy disse...

Só tem direito a pedir contas quem cumpriu o seu dever de votar...é curioso que se exige DEVERES aos POLÍTICOS e apenas DIREITOS (e muita tolerância) aos ELEITORES...nunca poderemos saber se a abstenção foi alta por protesto ou porque,em virtude duma preguiçite aguda,eu não fui votar porque estava convencido que o meu vizinho ia e,este,acabou também por não ir e o vizinho dele,e o vizinho deste...o voto em branco é um voto de protesto,um "não estou satisfeito com as propostas em eleição e com a vossa prestação passada;portanto,mudem de rumo".

Anônimo disse...

"Contrastando com o período de luta para a independência e construção de um país livre e independente, em que todas as populações, dentro e fora das Ilhas, se empenharam e eram também parte…"

Desculpa la, Fonseca Soares, mas esta sua frase é sua; nao estejas a falar em meu nome; nao estejas a falar em nome do povo, porque nao foste eleito para tal.

A sua frase é mesmo falsa, porque eu pertenço a essa geraçao de Abril de 1974 e Independência em 1975. Fonseca Soares foi do PAIGC, logo so podia defender a tese acima.

Mas felizmente que o tempo de propaganda de partido unico acabou! Que ha falhas em CV, nao direi o contrario. MAs estar a comparar o período de regime de partido unico autoriatario com o regime pluralista e de democracia é gozar com a inteligência deste povo.


A sua afirmaçao é falsa, porque na verdade o povo crioulo nunca defendeu o projecto do PAIGC. FoI APENAS um pequeno grupo do PAIGC e nao o povo. E para mais, em CV, nao houve luta pela independência, como tu dizes. Luta em que termos? Combate de rua da Ribeira Bote?

Deixa-me rir! O que houve, foi manipulaçao das mentes crioulas e 34 anos depois, estou a ver que o Fonseca Soares, continua com as meninges fraccionadas.

Nao me venha com conversinha, porque eu também vive esse hediondo período da estoria de CV. Ja te esqueceste das perseguiçoes, de Toi de Forro, de ZIto Azevedo, do pai de Djô Brôkô, do proprio Baltazar que foi marginalizado pelo PAIGC?


Nao me faças perder a estribeira, porque ponho a boca no trombone, e olha que sei solfejo!...

Al Binda

Fonseca Soares disse...

Mais uma vez, o Al a ler o que não escrevi. Eu só me referia ao grau de participação, o empenho, o acreditar, o não acreditar, o dizer sim ou não, o sentir-se parte na construção do 'destino' de Cabo Verde... pró-independência ou não, mas lutando pelo melhor futuro das ilhas. E nos primeiros anos da independência, porque aqueles que não queriam esse projecto continuaram a não querer, e a manifestá-lo... e por outro lado, os que acreditavam continuaram a acreditar e a dar de si em favor da construção dessa, considerada por muitos, utopia...
Eu sou um dos que - com dezoito anos - acreditou no projecto... e foi simpatizante até 1976. Nunca fui membro do PAIGC, como pretende. Como vê, não posso ser, de maneira nenhuma, saudosista dos tempos de partido único. Também eu fui contra essas perseguições...
Quanto a 'boca no trombone'... à vontade!

Anônimo disse...

OI Tchá. descupalm interrompê ess conversa tão interessante, mas um queria mandob um abraço e dzeb que bô blog é cool.

Anônimo disse...

Oh Fonseca Soares, tens que ser mais honesto e passares a assumir aquilo que escreves. Acho que nao tens nada de problemas de interpretaçao como finges crer, o que tens é um problema com a honestidade.

Escreves depois tu dizes que foste mal lido.

Vamos la repetir uma vez mais o que escreveste para ver se te decides duma vez por todas a ser mais honesto:


"Contrastando com o período de luta para a independência e construção de um país livre e independente, em que todas as populações, dentro e fora das Ilhas, se empenharam e eram também parte..."

Contrastando contra o quê? Aqui queres pôr em oposiçao o tempo da independência em 1975 com o momento actual, para dizeres que 1975 era melhor...

Nao é inclusivamente uma contetaçao de interpretaçao; é tao simplesmente o que afirmas...

Depois tu escreves "construçao de um país livre e independente".
Mas oh homem que país livre e independente pode haver, se havia so um partido unico, sem a pluralidade, logo sem o poder de escolha, sem democracia?

Enfim, depois escrevs que "todas as populaçoes dentro e fora do país se empenharam (em 1975) e eram parte de..."

Tens a certeza que eram todas as populaçoes dentro e fora que estavam com o projecto do PAIGC em 1975?

Isto é uma grande mentira e és tu mesmo que entra em contradiçao quando dizes que estavas trambém contras as "perseguiçoes".

Ora bem se admites que houve persguiçoes, isto quer dizer que houve gente que nao estava de acordo; logo nunca de maneira nenhuma "todas as populaçoes dentro e fora" fizeram parte de...

Estás a ver rapaz, como podes ser pelo menos honesto e aceitar uma simples crítica, tanto mais que tu mesmo dizes que houve "perseguiçoes"?

Quanto à estória de "simpatizante", toda a gente sabe que naquela altura simpatizante era sinonimo de militante, tanto mais que tu dizes que afastaste em 1876. Se afastaste, é porque estavas dentro. Alias, eu lembro-me perfeitamente que Fonseca Soares fazia reunioes do Partido, sentando-se na mesa, logo, nas me venhas com conversa fiadinha.

Os jornalistas na sua esmagadora maioria, eram correia de transmissao da propaganda do PAIGC e fazias locuaçao dos programas de propaganda do PAIGC.

Por fim, Fonseca Soares, nao te admito estares aqui a afirmar que nao sei ler o que tu escreveste.

Tenho pergaminhos na analise cientifica de textos altamente dificeis; logo nao é um simples textinho de merda de um jornalista semi-analfabeto que tenho estado inclusivé a dar liçoes de cultura geral, que me vai pôr dificuldades...

Al Binda

Fonseca Soares disse...

O que eu disse/escrevi, é claro que assumo. Interpretou bem a primeira parte: "Contrastando com o período de luta para a independência e construção de um país livre e independente, em que todas as populações, dentro e fora das Ilhas, se empenharam e eram também parte..." A analogia era mesmo com o hoje/agora. Só que 'leu mal' quando interpreta com isso que eu afirmava que todos estavam de acordo! O facto de escrever que todas as populações, dentro e fora se empenharam e eram parte... não quer dizer que todos eram do PAIGC. Os contra e os a favor, se sentiram parte e se empenharam na defesa do que cada um achava ser o melhor para estas ilhas.
Reafirmo 'na construção de um país livre e independente', pois esse era o desiderato. Com ou sem democracia... 'Cabo Verde livre e independente'! Também reafirmo simpatizante, e acrescento engajado, mas não 'sentado na mesa', e nesse período citado. Que tenho honra em ter sido e estado... mas só quem desconhece afirmaria que 'éramos todos correias de transmissão'.
Podes ficar descansado com os teus pergaminhos, porque 'prénda ta sirvi ê sê done'! E ponto final.

Anônimo disse...

Afinal, no teu anterior post dizias redondamente que eu tinha-te lido mal; agora fazes uma corecçao e adaptas o teu discurso, dando-me razao apenas parcialmente.

Ok rapaz, vai ler o que te respondi sobre a comédia de dante. E lê mais, homem, porque fazer teatro nao é brincadeira. Ja te esqueceste das minhas liçoes sobre as mascaras?!!!

Al Binda