sexta-feira, junho 23, 2006

teatro portugues

Um actor e ‘peras’ português, um ícone do Teatro Luso é homenageado no seu país, e discorre sobre as ‘durezas’ da vida de actor naquele país europeu. Com a devida vénia inserimos aqui no blog a notícia da Lusa sobre o acto. No mínimo, para que possamos reflectir e encontrar similitudes em relação à vida do actor cá do burgo… salvaguardando naturalmente as devidas distâncias.

D. Maria II/Homenagem: "Pena-se muito no teatro em Portugal" - Ruy de Carvalho

Lisboa, 23 Jun (Lusa) - "Pena-se muito no teatro em Portugal", lamentou o actor Ruy de Carvalho durante uma homenagem a seis actores históricos do Teat ro Nacional D. Maria II realizada quinta-feira à noite pela direcção da entidade .
"Há pouco trabalho para os actores e por isso pena-se muito no teatro", disse o actor, ladeado pelas actrizes Eunice Muñoz, Mariana Rey Monteiro e Cárm en Dolores, também homenageadas numa cerimónia que decorreu no Salão Nobre do D.
Maria II.
Lurdes Norberto não esteve presente por se encontrar no estrangeiro e F ernanda Alves - também incluída neste primeiro grupo de actores que a direcção d o D.Maria II quer inscrever na memória da instituição - foi homenageada a título póstumo.
Na cerimónia estiveram presentes a ministra da Cultura, Isabel Pires de Lima, e dezenas de actores, entre outras pessoas do meio, e parte do público qu e tinha acabado de assistir à peça "Tragicomédia de Dom Duardos", de Gil Vicente , levada à cena pela Companhia Nacional de Teatro Clássico de Madrid, também hom enageada pelo seu trabalho de recuperação dos clássicos da dramaturgia.
Cármen Dolores recordou a sua estreia naquele teatro nacional, na compa nhia fundada por Amélia Rey Colaço e Robles Monteiro, e onde permaneceu durante oito anos.
"É muito bonito homenagear os actores. O teatro é um trabalho que resul ta de um grande equipa de diversos profissionais, mas são os actores que dão a c ara", salientou.
Recordou o trabalho de Fernanda Alves, "a primeira a abandonar o grupo" e defendeu que a sociedade deveria "homenagear e recordar o trabalho dos profis sionais já falecidos, sobretudo aqueles de quem nada se filmou para a posteridad e e por isso estão muito esquecidos".
Em declarações à Agência Lusa, Mariana Rey Monteiro, 83 anos, admitiu s entir "uma saudade enorme do palco" onde entrou pela mão dos pais, Amélia Rey Co laço e Robles Monteiro.
Recordou ter-se estreado ali em Abril de 1946, onde continuou até 1964, saindo após o incêndio que atingiu o edifício nessa data, e levando muitas reco rdações de bons momentos, "tantos que é difícil falar apenas de um", disse ainda à Lusa.
"Passei aqui uma vida", acrescentou, comovida pelo descerramento de uma placa de homenagem com o seu nome inscrito, que ficará instalada na parede do s alão nobre do Teatro D. Maria II, juntamente com os outros actores.
A actriz Eunice Muñoz recordou igualmente que se estreou naquele palco com apenas 13 anos, e que Amélia Rey Colaço foi sua mestra.
Durante a homenagem, a ministra da Cultura felicitou os actores e agrad eceu o seu contributo para a cultura portuguesa.
"É importante que o D. Maria II inscreva na sua memória as glórias e ta mbém os desgostos que fazem parte da vida desta casa", observou.
O director do teatro, Carlos Fragateiro, acrescentou que esta será a pr imeira de uma série de homenagens que o D.Maria II fará a actores históricos ao longo do ano.
Recordou as memórias pessoais de algumas destas personalidades em palco , em particular actuações de Ruy de Carvalho na peça "Rei Lear", e Eunice Muñoz em "Mãe Coragem".
AG.
Lusa/Fim