sexta-feira, janeiro 16, 2009

O Comandante das Aguas Turvas


- Há, ou devia haver, sempre (!) um Vasco da Gama nas nossas vidas…
- Como? Hoje destes para anedotas?
- O pior é que o meu, precisa ainda ser descoberto por mim… E digo, por mim, porque tu bem que o podes ter descoberto por ti… aliás como já mo dissestes bastas vezes…
- O que dizes querido?
- Não acredito… Quarenta e dois anos a viver comigo mesmo… e nem Índias nem Américas para mim.
- O que se passa contigo, Amílcar? Falas, falas… e não comunicas. Que história é essa?
- Eu só tenho um Porto conhecido e seguro.
- Sonhastes querido?
- Porto seguro… Ahn?
- Ahn! Eureka, parece que acordastes agora. Amílcar Eugénio Lima…
- Hum. Acordei agora? Guida, não brinques comigo. Estavas a falar comigo? O que foi que dissestes? Desculpa-me…
- Há que tempos te estou a falar, e não me respondes…
- Quem? Eu? Comigo?
- Claro! Alô! Estás a ver mais alguém aqui em casa? O nosso Eugénio… esse, já só nos enche a casa nas férias… Ah Amílcar, que saudades do nosso menino…
- Ah não! Outra vez, não!
- Todas as vezes. Todas as vezes…
- Margarida! Margarida querida, de novo?
- Novo? Não há nada de novo. A não ser este vazio deixado pelo nosso menino ausente…
- Ah! … Eu preciso. É uma necessidade. Mudar de cenário. Mudar de corpo. Co-habitar… apoderar… existir… descobrir… encontrar-me… n'outro cenário.

(excerto de conto em construção) A propósito de 'certas comunicações' in blogs made in CV

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