Este fim-de-semana, entre Sábado e Domingo, vi em casa, três filmes. Por sinal, três bons filmes: ‘Amor em tempo de cólera’, ‘Mamma Mia!’ e revi ‘Tudo sobre a minha mãe’.
Vi os filmes… mas não estive no cinema… não fiquei envolvido a 100% embora tenha deixado rolar uma ou outra lágrima… a entrada no clima do filme foi bastas vezes interrompida: puz em pausa para responder o telefone, fui ao frigorífico, fui desconcentrado pela algazarra dominical chinesa… Nada como o ‘escurinho do cinema’…
E lembrei-me, obrigatoriamente dos dois cinemas de Mindelo – Éden-Park e Mira-Mar. Inclusive, continuando a ‘descer no tempo’, na canseira especial de ver um filme na ‘geral’. O olhar panorâmico que não dava para ver o ecrã na íntegra… tal a proximidade do grande ecrã… a necessidade de estar a fazer ‘travellings’ com a cabeça para poder ver toda a cena, todos os pormenores… 5 escudos = dois filmes… Coisas que só a infância e os tempos de ‘teenager’ encaixam sem problemas. Depois, melhores tempos: os lugares cativos em todas as estreias… Bons velhos tempos!
O Éden-Park - da magia, dos sonhos... essa janela aberta para o mundo, que era para mim e para todos, creio eu, na altura de menino de liceu aprendiz das coisas da vida e do universo - continua lá, fechado, à espera para cair de podre, antes que o derrubem de vez, para em seu lugar se erguer um 'monstruzinho' qualquer sem brilho e sem história. Fala-se em centro comercial.
Uma cidade cosmopolita como Mindelo pretende, sem um único Cinema... dá para entender? Enfim, o Éden-Park, sala mítica, sagrada, desejada... já era! Nem Cinema, nem sala de espectáculos para grande público. E no ecrã das minhas memórias desfilam imagens mil de sessões e noites de gala marcantes… que aos poucos se vão desvanecendo… mas teimosamente ecoam os sons desse espectáculo inesquecível da primeira apresentação da 'Voz de Cabo Verde'…
É, continua a soar nesse espaço e em muitas mentes de gente que viveu euforicamente esse evento marcante para a história da música da terra... Uma saudade imensa, mas também muita indignação!
Mindelo já teve salas de cinema… no passado. Hoje, estão ambas fechadas, decadentes, a cair de podre…
Ainda encantado com as boas recordações da magia perdida, entro na net e leio: ‘Uma “Broadway chinesa”, com 32 salas de espectáculos, vai ser construída nos próximos cinco anos em Pequim…’
Eu não queria uma ‘Broadway’, nem americana nem chinesa… uma ‘Éden-Parkezinha kreoula’…
Vi os filmes… mas não estive no cinema… não fiquei envolvido a 100% embora tenha deixado rolar uma ou outra lágrima… a entrada no clima do filme foi bastas vezes interrompida: puz em pausa para responder o telefone, fui ao frigorífico, fui desconcentrado pela algazarra dominical chinesa… Nada como o ‘escurinho do cinema’…
E lembrei-me, obrigatoriamente dos dois cinemas de Mindelo – Éden-Park e Mira-Mar. Inclusive, continuando a ‘descer no tempo’, na canseira especial de ver um filme na ‘geral’. O olhar panorâmico que não dava para ver o ecrã na íntegra… tal a proximidade do grande ecrã… a necessidade de estar a fazer ‘travellings’ com a cabeça para poder ver toda a cena, todos os pormenores… 5 escudos = dois filmes… Coisas que só a infância e os tempos de ‘teenager’ encaixam sem problemas. Depois, melhores tempos: os lugares cativos em todas as estreias… Bons velhos tempos!
O Éden-Park - da magia, dos sonhos... essa janela aberta para o mundo, que era para mim e para todos, creio eu, na altura de menino de liceu aprendiz das coisas da vida e do universo - continua lá, fechado, à espera para cair de podre, antes que o derrubem de vez, para em seu lugar se erguer um 'monstruzinho' qualquer sem brilho e sem história. Fala-se em centro comercial.
Uma cidade cosmopolita como Mindelo pretende, sem um único Cinema... dá para entender? Enfim, o Éden-Park, sala mítica, sagrada, desejada... já era! Nem Cinema, nem sala de espectáculos para grande público. E no ecrã das minhas memórias desfilam imagens mil de sessões e noites de gala marcantes… que aos poucos se vão desvanecendo… mas teimosamente ecoam os sons desse espectáculo inesquecível da primeira apresentação da 'Voz de Cabo Verde'…
É, continua a soar nesse espaço e em muitas mentes de gente que viveu euforicamente esse evento marcante para a história da música da terra... Uma saudade imensa, mas também muita indignação!
Mindelo já teve salas de cinema… no passado. Hoje, estão ambas fechadas, decadentes, a cair de podre…
Ainda encantado com as boas recordações da magia perdida, entro na net e leio: ‘Uma “Broadway chinesa”, com 32 salas de espectáculos, vai ser construída nos próximos cinco anos em Pequim…’
Eu não queria uma ‘Broadway’, nem americana nem chinesa… uma ‘Éden-Parkezinha kreoula’…
2 comentários:
Tenho pena -muita pena mesmo - do abandono a que votaram o Eden-Park, minha primeira grande janela virada ao mundo, meu primeiro encontro com a magia das imagens, com a beleza de mulheres de sonho, com actores de barba rija, com cow-boys, "sports" e bandidos, dançarinos, acrobatas, lutas, guerras, grandes paixões, grandes comédias, grandes produções, um verdadeiro turbilhão que povoava os nossos sonhos e nos ía abrindo os olhos para o mundo, tão perto, ali no ecran imaculadamente branco, mas lá tão longe, para lá da imaginação para lá da realidade...
É um crime se não se usar aquele espaço que, contando com a esplanada, aínda é significativo, para nele implantar, não um qualquer centro comercial com os seus tentaculares apelos às carteiras dos mindelenses mas, antes, um centro cultural que incluísse, claro, uma ou mais salas de cinema que nem precisam de ser enormes... Um lugar onde houvesse lugar para as artes e para os artistas, os plásticos e os outros - a dança, o teatro, o balet, a música, o yoga, artes marciais, ginastica, enfim...um sitio que conseguisse aglomerar em seu redor o imenso material humano que hoje deambula pelas ruas em busca de um estímulo, de uma oportunidade, de um gesto, de um lugar... Não deixem secar mais sementes!
Zito Azevedo
19 de Janeiro de 2009 9:03
Deus o ouça! Eden-Park pertence ao passado mindelense e caboverdiano... mas poderá ainda fazer parte do futuro?
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