segunda-feira, novembro 02, 2009

Cabo Verde tem doutores a mais?


Faz parte do passado - com certeza! - o tempo em que, em Cabo Verde, a primeira e única preocupação, era construir e pôr a funcionar escolas espalhadas pelas Ilhas, para se poder aprender a ler e a escrever… e na sequência poder entender mínimamente como desempenhar um determinado trabalho/emprego… Nesse pressuposto estaremos todos de acordo, pois não?
Ainda antes da independência, descobriu-se que o passo seguinte seria ter também um outro tipo de escola – complementar à primeira – onde se poderia ensinar mais o ‘como fazer’, o ‘saber fazer’ para se conseguir uma profissão. E no caso de S.Vicente, a ‘Escola de Puntinha’ terá sido um grande exemplo, entre outras experiências.
Com a Independência do país, seguiu-se um boom bem grande de formação universitária fora do país que terá servido para ajudar no montar de toda uma infra-estruturação de serviços mil que um país emergente necessitava… (embora reconhecidamente com ‘danos colateriais’ devido ao facto de nunca ter havido uma política bem organizada e baseada na realidade, de formação universitária).
Em boa parte devido à falta de uma política realista e consentânea com a realidade do país… se deu início à ‘forte fuga de cérebros’ que continua até hoje. E continua hoje em dia, no nosso fraco entender, sobretudo porque continua a faltar – depois do Conhecimento, e do Saber Fazer – a componente mais importante que é a Investigação.
Aprender, compreender, analisar para chegar ao nível de também produzir ideias e produtos… com base em estudos, teses, teorias, fórmulas… (nossas!) desenvolvendo a criatividade e produzindo ciência nas mais variadas disciplinas ou vertentes.
Trinta e cinco anos depois… continuamos a produzir ‘doutores macaqueadores’ pelo simples facto do conhecimento estar mais ‘decorado’ do que assimilado. E depois do regresso à Terra, ou saindo das nossas já variadas experiências universitárias – porém fracas formações – caem no mundo do trabalho onde, mais do que ‘desaprender’ as teorias… se formam na melhor universidade que montámos até hoje: a da Vida de Sabura, Consumismo Total e Valores Correlativos.
Com uma certa democratização do acesso à formação conseguida, sem a tal política educacional que incentivaria a uma formação de acordo com as necessidades do país – existindo um déficit enorme em termos de formação profissionalizante – continuamos a ‘amontoar’ doutores que não terão emprego… nem mesmo na capital do país.
E sem ‘cérebros’, sem ideias, sem criatividade, sem o espírito de trabalho produtivo… não se ‘inventam/criam’ empresas made in cabo verde… não se criam os muitos mais postos de trabalho que bem necessitamos. É caso para dizer que urge a criação da Universidade dos Valores onde iremos aprender (de novo?) a pensar com as nossas cabeças… começando por redescobrir o que é mais importante nas nossas vidas e para o desenvolvimento do País.

Mais...
Café Margoso
Jornal da Hiena

Um comentário:

Anônimo disse...

E' preciso dizer que quando se fala em doutores em CVerde, esta-se a incluir também engenheiros, médicos e arquitectos. CVerde sempre foi um país dominado pelos doutores,(médicos) engenheiros, arquitetos e advogados.
Era o sonho de qualquer crioulo ser médico, advogado ou engnheiro.

Portanto quando se está a referir-se a doutores, em termos absctratos esta-se pois a falar em todas essas profissoes saídas da Universidade.

Ora bem CVerde nao tem doutores a mais! Tem falta de médicos, engeheiros etc. Quer licenciados quer doutorados. Alias em doutoramentos em CVerde a exercer devemos ter 5 doutorados.

Portanto é uma falácia estar-se a colocar essa questao. E' porque os tais licenciados que temos a esmagadora maioria nao tem bom nivel. Sao os chamados doutores macaqueadores como diz e bem!

Logo CVerde tem sim falta de doutores, quer licenciados quer doutorados.

Mas porque é que os nossos licenciados sao doutores macaqueadores? Uma das razoes é por causa dessa tal politica bem delineada que nunca tivemos como disse, sobretudo logo no inicio da independência.

Sabemos que a esmagadora maioria dos alunos que foram estudar em 1975/76 nao tinha sequer o curso completo dos liceus, sendo que a maioria tinha o antigo quinto ano dos liceus e eram os alunos mais mediocres, que queriam precisamente fugir de CVerde para a aventura ja que nao davam conta do recado no liceu e na escola tecnica.

Ora bem, sao esses alunos mediocres que depois regressaram como médicos (sim temos médicos que foram estudar em Cuba e Uniao soviética com o quinto ano imcompleto), engenheiros etc. Temos advogados foramdos em Cuba, quando se sabe que é um país que nao é um estado de direito, onde as liberdades, garantias e direitos constitucionais nao existe; logo que raio de advogados sao esses?

Desafio o jornalista a partir de agora a convidar na radio para sabatinas de meia hora todos esses nossos doutores e facará a saber que nem sabem arquitectar argumentos nem em crioulo nem em portugues e descobrirá que afinal nem conhecem as proprias matérias dos seus cursos.

Nao estou pois de acordo consigo quando diz que os nossos doutores aprendem as matérias de cor! Nao, o problema é que nao sabem as matérias dos cursos nem de cor nem por a mais b. Temos que admitir que a esmagadora maioria dos nossos doutores sao mal formados e é a razao pela qual que temos deficiências em todos os sectores.

Ninaja