domingo, outubro 18, 2009

finkadu na raiz


Comemora-se hoje nas ilhas… mais um dia nacional da cultura – finkadu na raiz – com o ‘monstro’ da nossa identidade e cultura em pano de fundo - Eugénio Tavares, esse poeta, jornalista, compositor, escritor… - enfim, essa autoridade intelectual das Ilhas todas, a quem muito devemos...

9 comentários:

Anônimo disse...

Vendo para a fotografia de Eugénio Tavares vejo um português, um europeu branco, e não um caboverdiano, um crioulo! Por isso tenho sérias dificuldades em ver em Eugénio o "monstro" da nossa identidade.

Que identidade? Mestiça?Crioula? Um mestiço é um branco?

Não acho que um mestiço seja um branco, mas um individuo misturado, um cruzamente do pai e da mãe, que portanto não tem nem a cor do pai nem a cor da mãe.

No caso de Eugénio não há sombra de dúvida que estamos perante um branco que nasceu em CAbo Verde, PROVINCIA DE PORTUGAL.

Porque é que todos os outros brancos do tempo de Eugénio não sÃO também considerados caboverdeanos? Porque é que uns são considerados caboverdianos e outros portugueses?

Eugénio Tavares era filho de português e de mãe de origem espanhola, logo era um europeu nascido em Cabo Verde, provincia de Portugal.

Aliás vê-se na escrita crioula de Eugénio, que há um sotaque de um português a tentar escrever e falar crioulo. As mornas de Eugénio têm de ser estudadas por especialistas da arqueologia e da paleontologia e claro da linguística e antropologia para se conhecer a sua génese.

Estou convicto de que descobriremos que é um crioulo falado por um português. Até consigo vislumbrar o sotaque oral do crioulo de Eugénio, cuja primeira lingua materna era o português.

Definitivamente Eugénio Tavares NÃO era crioulo, mas um branco que ,asceu por acaso em Cabo Verde, um Cabo Verde que era então português.

Conclusão: não vejo um crioulo negro badiu e defensor do ALUPEC a ver Eugénio como o "monstro" da nossa identidade.

Ninaja

Fonseca Soares disse...

A cor não conta para o crioulo, pois é formado pelo espectro todo das cores. Cabo Verde foi desde sempre, é, e será a miscigenação de cores, raças, culturas, ideias, e de 'way of life'... não acha, Ninaja?

Anônimo disse...

Tem a certeza que cor "não conta para o crioulo"? Quer que eu lhe lembra os comentários racistas que desde sempre ouvimos e praticamos sempre em Cabo Verde?

Só este que ouviamos em todas as esquinas de Mindelo quando éramos crianças: "ê bô prête de merda"


Desculpe lá mas contrariamente ao que diz o crioulo é profundamente racista. Temos um vocabulário extremamente racista contra o negro; no passado contra o badiu e hoje em dia contra o madjake.

E' tempo de assumirmos as nossas derrapagens e não ficarmos sempre com esses chavões de que crioulo não é racista, quando a prática nos diz o contrário.

E' também cinismo e hipocrisia estarmos a identificar um branco filho de português como Eugénio à identidade caboverdiana. Que há crioulos brancos ou mestiços profundamente crioulos, é uma verdade; mas é a excepção. Queremos no fundo inverter as coisas; tornar a excepção a regra, quando a palavra já nos chama à sua excepcionalidade.

Ninaja

Amílcar Tavares disse...

Concordo com as palavras, dos dois comentários, da(o) Ninaja.

Um pouco de coerência nunca fez mal a ninguém.

Fonseca Soares disse...

Embora estando de acordo, também, com algumas das afirmações do(a) Ninaja, não posso estar totalmente de acordo, pelo simples facto da cor da pele de Eugénio Tavares não impedir que ele seja reconhecido como um dos 'monstros' da nossa cultura - pelo simples facto dele ter sido - e porque CV nasceu e vive disso mesmo: da miscigenação de culturas e raças...

Anônimo disse...

Bom entao quando você estiver a dar uma noticia na radio de um "português" assassinado na Africa do sul, eu gostaria que nao fosse na cantiga da Lusa e dissesse que um sul-africano africano branco foi assassinado...

A mesma coisa em relaçao a um "caboverdiano" morto em Portugal, diga se faz favor um português negro...

Se Eugénio que era filho de português é caboverdiano, entao sicrano filho de português na Africa do sul, é também sul africano e nao português assassinado...

Ninaja

Anônimo disse...

So mais esta. Como sabe a maioria dos caboverdianos nao sabe a cor de Eugénio Tavares. Na mente dos caboverdianos ele era preto ou mestiço ou moreno. Branco é que nunca!

Tente pois copiar a fotografia de Eugénio e fazendo o percurso da rua de Lisboa subindo e descendo 4 vezes com a foto nas maos perguntando assim às pessoas: acha que a pessoa da foto é caboverdiano ou europeu?

Faça esta experiência e ha-de ver que 99 por cento das pessoas que nao sabem que é Eugenio Tavares dirao que a pessoa da foto é europeu, americnao, italiano, português etc..

Ninaja

Fonseca Soares disse...

Essa experiência que sugere... teria o mesmo resultado para muitos e muitos outros cabo-verdianos 'de gema'. Caboverdianos nascidos na terra, filhos de pais, também eles 'creoulos'... Estamos d'acordo, pois não?

Anônimo disse...

Estou a complexificar as coisas, a obrigar as pessoas a reflectir. Nao estou aqui para estar de acordo ou para discordar. Estou a problematizar, estou a raciocinar!

Se Eugénio que era filho de português é caboverdiano por ter nascido em CVerde, entao a Lura, que é filha de caboverdianos, mas nascida em Portugal é portuguesa.

Se a Mayra que nasceu em Cuba, é cubana, apesar de ser filha de caboverdianos, e dizer que é caboverdiana. Se Cabral nasceu na Guiné ele é guineense apesar de ser filho de caboverdianos.

Posso prolongar esta lista ad infinitum!

A questao é saber quem é caboverdiano? Quem pode ser "monstro" da nossa identidade? Que identidade?

Os filhos dos diplomatas e cooperantes estrangeiros que estao a nascer neste momento em CVerde sao caboverdianos?

Esta tematica é comolexa e é assim que temos de equaciona-la. Temos que aprender a debater com frieza, mesmo que com uma dose de emoçao, mas sobretudo com racionalidade. Temos que cruzar as nossas armas intelectuais, as nossas ferramentas espirituais.

Que desmontem com argumentos de peso a minha arquitectura argumentativa. Que digam que concordam comigo, como diz Amilcar, mas que argumente, porque isto aqui nao é para se gostar deste ou daquele.

Estou também no tertuliacrioula.com onde o debate sobre o crioulo ja provocou mortes entre os alupecadores!

Ninaja