quinta-feira, fevereiro 04, 2010

FUTCERA

Terminada a primeira fase de rodagem do filme Futcera, apraz-nos realçar que decorreu de forma satisfatória – e mesmo apaixonante! - sem problemas de maior… embora com as dificuldades normais e alguns improvisos pelo meio, mas os obstáculos e constrangimentos foram sendo ultrapassados à medida que se foram apresentando. Missão cumprida!
A fase seguinte de rodagem – duas semanas - deverá acontecer na primeira metade do mês de Abril, com cenas várias de exteriores nas ruas de Mindelo e arredores.
Inspirado num conto fantástico, tradicional das Ilhas de Cabo Verde, Futcera é a história de Kalú, um comum cabo-verdiano dos que cumpriram a sina de largar tudo para andar o mundo, à procura de uma vida melhor ou um simples ganha-pão, antes de se instalarem definitivamente na terra natal; De Bia de Tuda, uma mulher crioula das que ‘suam todos os dias’ pela sobrevivência em meio a uma existência de pobreza constante; e da jovem Lili que encontra outras condições para a sua formação e consequente independência de vida… e um futuro melhor.
Uma história fantástica que inclui estórias incríveis que habitam o imaginário das ilhas. Coisas simples do dia-a-dia das gentes, da cultura tradicional crioula. Desde o simples ‘viola e bic’ da rica música, até aos hábitos e costumes seculares, passando pela culinária, também ela rica e variada e, tal como o seu povo, forjada de miscigenações mil… e influenciada pelas mil e uma culturas e raças que por aqui se instalaram ao longo dos tempos.
Uma história de mulheres grandes e fortes – chefes de família - na sua luta pela sobrevivência do núcleo numeroso à sua conta. Uma estória de seres normais do universo cabo-verdiano… mas também de transformações estranhas, em que a cultura popular diz não acreditar… mas, ao mesmo tempo, reconhece que existem.
Futcera pretende tão somente contar uma história de vida, de amor, de maldades, de forças e fragilidades, de crenças, expondo a coluna vertebral do mindelense que se rege pelo tudo fazer para o ‘depôs de passá sáb… morrê ka nada’ (uma espécie de filosofia de vida das ilhas, em que a preocupação maior é viver bem os momentos felizes do ‘grinhassim’… a seguir a morte pode vir, que já nem preocupa) que forjou sobretudo o povo da Ilha do Porto Grande.
Quanto à experiência de produção e realização de cinema nestas ilhas, não obstante se ter informação sobre a rodagem de filmes crioulos desde meados do século passado, continua a ser uma área quase inexistente, com o agravante maior de os cinemas do país terem quase todos fechado portas – uma única sala a funcionar na capital. E nessa matéria, uma vontade férrea nos empurra para a necessidade de fazer (fazer, fazer, fazer) e ir criando as condições, e outras vontades, mais outras condições… ao mesmo tempo em que se adquirem experiências de produção/realização/rodagem. A palavra-chave é ousar! Com o mínimo de meios, com um máximo de vontade, e sobretudo com muita criatividade. Uma parte da matéria-prima – Homens e Mulheres, sobretudo jovens – existe, com um potencial possível de ‘fazer milagres’… em que só o céu é o limite! Um pequeno contributo pelo (re)nascer de uma sétima arte crioula! E sem pretensões nenhumas!

Um comentário:

Anônimo disse...

Vamos a ver. Ma força na el.