quarta-feira, fevereiro 17, 2010

Estúdios de Abbey Road vão à praça

Há coisas que, pelo simples facto de ‘terem sido’ algo especial, ou apenas por estarem ligados a algo muito especial… se tornam em si bem especiais, pela ‘estória’ que representam ou pelo papel que tiveram na história de algo muito marcante: é o caso da Londrina Estúdios de Abbey Road, dos famosos a nível mundial, Beatles. Durante sete anos, foram uma espécie de ‘lugar sagrado’ para o fabrico de ‘preciosidades’ que o mundo inteiro haveria de adoptar e adorar… com toda a ‘simbologia’ duma banda conjunturalmente reconhecida como a melhor do mundo. Naturalmente tornaram-se nos estúdios mais famosos da história da discografia mundial.

E agora chega-nos a notícia – através do jornal Financial Times - de que a Abbey Road está à venda.

“As instalações dos míticos estúdios de Abbey Road, em Londres, onde os Beatles gravaram grande parte dos seus álbuns, estão para venda. A notícia foi avançada ontem pelo Financial Times, que assegura que a editora EMI, proprietária do espaço, quer desfazer-se dele para pagar as dívidas (a quantia amealhada com a venda poderá ultrapassar os 10 milhões de libras).
Reagindo à notícia, Paul McCartney disse ontem à BBC que está a ser pensada uma solução e que os estúdios ainda podem ser salvos. "Algumas pessoas que estiveram associadas ao estúdio durante muito tempo falaram sobre fazer uma proposta para salvá-lo. Apoio-os. Espero que consigam fazer alguma coisa, seria fantástico. Guardo tantas memórias com os Beatles naquele espaço".
O músico acrescentou: "Ainda é um grande estúdio, portanto seria fantástico se as pessoas pudessem pensar em conjunto para salvá-lo". Recorde-se que 90% dos álbuns dos Beatles foram gravados em Abbey Road e que a banda deu o nome dos estúdios ao álbum editado em 1969, cuja capa é uma das imagens mais icónicas dos fab four.
Apesar de hoje enfrentar concorrência cerrada de estúdios mais baratos noutros países, o espaço de Abbey Road continua a ser um dos poucos espaços de gravação capazes de acomodar uma orquestra inteira (foram gravadas lá as bandas-sonoras de filmes como O Senhor dos Anéis ou Harry Potter ).
Os Estúdios de Abbey Road começaram a funcionar no início dos anos 30 e além dos Beatles, foram gravados naquele espaço álbuns míticos dos Pink Floyd ( Dark Side of the Moon ), Cliff Richard, Blur, Radiohead, Duran Duran, Manic Street Preachers ou Oasis.”

Paul McCartney já veio a público dizer que ainda há uma possibilidade de salvar o espaço. Esperemos que sim… embora seja um pouco como o nosso Eden.Park, exigindo a conjugação de muitos esforços…

Em 1929 a EMI comprou a casa com o número 3 de Abbey Road por 100.000 libras (o que hoje em dia equivaleria a 114.700 euros) e transformou-a nuns estúdios de gravação de renome mundial. Agora, a venda serviria para se redimir de um negócio bastante acidentado que em 2007 fez com a empresa de fundos de investimento Terra Firma.

Paul McCartney, John Lennon, Ringo Starr e George Harrison colocaram Abbey Road na história, ao utilizar esses estúdios para 90 por cento das gravações que os Beatles fizeram de 1962 a 1969; e ao dar o nome desta rua ligada à sua própria história ao último álbum que gravaram juntos.

Só pela simbologia de tempos áureos, com os Beatles, mas também com os Pink Floyd e essa pérola ‘Dark side of the moon’ e, mais recentemente com os Radiohead e os Blur… já lá estarão milhões de libras esterlinas a rolarem
Vou passar os próximos minutos a ouvir, pela enésima vez, Abbey Road dos Beatles. Sobretudo depois dos ‘ouvidos trocados’ com a muita batucada deste Carnaval Mindelense que, mais uma vez, marcou a nível local.

                                                                                     A capa de um disco de sempre!

quinta-feira, fevereiro 04, 2010

FUTCERA

Terminada a primeira fase de rodagem do filme Futcera, apraz-nos realçar que decorreu de forma satisfatória – e mesmo apaixonante! - sem problemas de maior… embora com as dificuldades normais e alguns improvisos pelo meio, mas os obstáculos e constrangimentos foram sendo ultrapassados à medida que se foram apresentando. Missão cumprida!
A fase seguinte de rodagem – duas semanas - deverá acontecer na primeira metade do mês de Abril, com cenas várias de exteriores nas ruas de Mindelo e arredores.
Inspirado num conto fantástico, tradicional das Ilhas de Cabo Verde, Futcera é a história de Kalú, um comum cabo-verdiano dos que cumpriram a sina de largar tudo para andar o mundo, à procura de uma vida melhor ou um simples ganha-pão, antes de se instalarem definitivamente na terra natal; De Bia de Tuda, uma mulher crioula das que ‘suam todos os dias’ pela sobrevivência em meio a uma existência de pobreza constante; e da jovem Lili que encontra outras condições para a sua formação e consequente independência de vida… e um futuro melhor.
Uma história fantástica que inclui estórias incríveis que habitam o imaginário das ilhas. Coisas simples do dia-a-dia das gentes, da cultura tradicional crioula. Desde o simples ‘viola e bic’ da rica música, até aos hábitos e costumes seculares, passando pela culinária, também ela rica e variada e, tal como o seu povo, forjada de miscigenações mil… e influenciada pelas mil e uma culturas e raças que por aqui se instalaram ao longo dos tempos.
Uma história de mulheres grandes e fortes – chefes de família - na sua luta pela sobrevivência do núcleo numeroso à sua conta. Uma estória de seres normais do universo cabo-verdiano… mas também de transformações estranhas, em que a cultura popular diz não acreditar… mas, ao mesmo tempo, reconhece que existem.
Futcera pretende tão somente contar uma história de vida, de amor, de maldades, de forças e fragilidades, de crenças, expondo a coluna vertebral do mindelense que se rege pelo tudo fazer para o ‘depôs de passá sáb… morrê ka nada’ (uma espécie de filosofia de vida das ilhas, em que a preocupação maior é viver bem os momentos felizes do ‘grinhassim’… a seguir a morte pode vir, que já nem preocupa) que forjou sobretudo o povo da Ilha do Porto Grande.
Quanto à experiência de produção e realização de cinema nestas ilhas, não obstante se ter informação sobre a rodagem de filmes crioulos desde meados do século passado, continua a ser uma área quase inexistente, com o agravante maior de os cinemas do país terem quase todos fechado portas – uma única sala a funcionar na capital. E nessa matéria, uma vontade férrea nos empurra para a necessidade de fazer (fazer, fazer, fazer) e ir criando as condições, e outras vontades, mais outras condições… ao mesmo tempo em que se adquirem experiências de produção/realização/rodagem. A palavra-chave é ousar! Com o mínimo de meios, com um máximo de vontade, e sobretudo com muita criatividade. Uma parte da matéria-prima – Homens e Mulheres, sobretudo jovens – existe, com um potencial possível de ‘fazer milagres’… em que só o céu é o limite! Um pequeno contributo pelo (re)nascer de uma sétima arte crioula! E sem pretensões nenhumas!

segunda-feira, fevereiro 01, 2010

Milpés - Solução à vista!


Aí está uma boa notícia – que se confirma agora com a apresentação pública, depois de, em entrevistas à RCV vários santantonenses terem mostrado satisfação pelos rumores à altura – que fazemos questão de retomar e realçar aqui no Teatrakácia: O fim (ou a cura) para a praga ‘mais empobrecedora’ de S.Antão, das últimas décadas!
Apetece repetir: o fim da praga… ou melhor, uma boa solução – científica – para acabar com a proibição de escoamento de produtos hortícolas da Ilha das Montanhas… para o resto do país, devido à praga do milpés.
E, quem diria(!)… uma solução simples, eficaz, nada custoso… para além do mais ‘amiga do Ambiente’. E mais: que estava à frente do ‘nosso nariz’! (‘nosso’… dos cientistas que se empenharam na procura métodos para a erradicação do milpés).
Foi com alegria não contida que lemos isto, no www.asemana.publ.cv:
«A eliminação do milpés em alguns tubérculos através de imersão em água a temperatura ambiente por um período de 20 minutos mostrou uma eficácia de 100%, conclui um estudo efectuado por Beata Nascimento, professora da Uni-CV, e apresentado no Mindelo, no Conselho do Ministério do Ambiente.
O tratamento em água a temperatura ambiente é um dos métodos que poderá vir a ser utilizado no Centro Pós-Colheita do Porto Novo. Isso porque, diz Nascimento, trata-se de um método eficaz, menos custoso e sem influência negativa sobre o produto tratado e sobre o ambiente.
“Após o tratamento em água a temperatura ambiente, e mediante autorização das autoridades competentes, os produtos testados poderão ser comercializados livre de milpés nas outras ilhas. Também durante o armazenamento não foi registado nenhum impacto negativo da imersão dos tubérculos em água a temperatura ambiente”, explica.
Entretanto, antes da colheita dos tubérculos, esta bióloga recomenda o uso de armadilhas sem pesticidas, sobretudo para o cultivo de sequeiro. Segundo Beata Nascimento, esta é uma solução para diminuir a quantidade dos milpés nos sequeiros e permite que as culturas de milho e feijão se desenvolvam nas zonas altas.
“As armadilhas são um método simples e barato. O objectivo é diminuir a intensidade da praga nas parcelas agrícolas ao nível suficientemente baixo para que os prejuízos sejam economicamente suportáveis”, afirma. A armadilha consiste na concentração nos frutos – papaia e manga – caídos durante noite e que são recolhidos no dia seguinte.
De acordo com esta pesquisadora, 51,7% dos agricultores entrevistados já utilizam este método e 92,9% reconhece-lhe sucesso. Em jeito de exemplo, a responsável pelo estudo diz que, num pequeno ensaio, foram instaladas três armadilhas na Ribeira Grande, Santo Antão, e consegui-se capturar, após 24 horas de exposição, 367 milpés.
O controlo biológico é outro método em que incidiu a investigação desta bióloga. Neste caso, diz Beata Nascimento, já foram utilizados diversos tipos de fungos, sendo que o melhor resultado foi conseguido com a Beauveria, três semanas após a aplicação, com uma taxa de sucesso de mais de 70%, em condições laboratoriais.
Já o uso de predadores, a grande esperança dos estudiosos é a mosca da família Phoridae, que foi detectada na ilha de Santo Antão. “Estamos a falar de uma mosca que faz postura de ovos em cima dos milpés doentes. Estamos a analisar com qual outro método podemos juntar essa mosca para nos ajudar no combate ao milpés”, conclui.»