Identidade
Preciso ser um outro
Preciso ser um outro
para ser eu mesmo
Sou grão de rocha
Sou o vento que a desgasta
Sou pólen sem insecto
Sou areia sustentando
o sexo das árvores
Existo onde me desconheço
aguardando pelo meu passado
ansiando a esperança do futuro
No mundo que combato morro
no mundo por que luto nasço
Sou grão de rocha
Sou o vento que a desgasta
Sou pólen sem insecto
Sou areia sustentando
o sexo das árvores
Existo onde me desconheço
aguardando pelo meu passado
ansiando a esperança do futuro
No mundo que combato morro
no mundo por que luto nasço
Mia Couto, in "Raiz de Orvalho e Outros Poemas"
Natural da Beira, Moçambique, o galardoado escritor Mia Couto é considerado um dos nomes mais importantes da nova geração de escritores africanos de língua portuguesa. A escrita tem sido uma paixão constante, desde a poesia, na qual se estreou em 1983, com A Raiz de Orvalho, até à escrita jornalística e à prosa de ficção.
Vencedor de vários prémios, realçamos mais um a ser recebido pelo próprio Mia Couto em terras de Vera-Cruz, nos primeiros dias do próximo mês de Julho… imaginem só, pela vertente dramatúrgica da sua obra.
Naturalmente ‘mais conhecido por sua obra literária’, escreve a organização do Festlip 2009, ‘Mia Couto será lembrado no festival por suas criações como dramaturgo e virá ao Brasil receber o troféu Festlip 2009 pela expressiva contribuição e aprimoramento do teatro em Moçambique. Além de uma palestra sobre as relações entre teatro e literatura, o público poderá conferir a montagem de uma peça de sua autoria, “Mar me quer”, encenado pelo Grupo Tijac, de Moçambique.‘
E é a programação do festival de teatro a acrescentar: ‘A homenagem vem a calhar, pois a ideia do Festlip – Festival de Teatro da língua portuguesa que estará na sua segunda edição – é mostrar como o teatro pode ser um elo tão forte quanto o idioma, de ligação entre vários povos de cultura e história comuns, apesar das diferenças…’
Pois é! Festlip – Festival de Teatro da língua portuguesa… e Cabo Verde vai estar presente com duas peças creoulas… “Psycho” e “No Inferno”, através dos grupos de Teatro Solaris e CCP do Mindelo, respectivamente.
Entre 2 e 12 de Julho, onze espetáculos de seis países amigos (Angola, Brasil, Cabo Verde, Guiné-Bissau, Moçambique e Portugal), e que nasceu justamente, de uma visita da idealizadora do projecto a Moçambique, onde, conforme diz Tânia Pires – também produtora do Festlip - ‘conheci o teatro local e o próprio Mia Couto’.