terça-feira, março 20, 2007

Dia Mundial do Teatro


Março – mês do Teatro é comemorado em Cabo Verde desde há alguns anos…
Porquê? Tão simplesmente porque é o mês que alberga o Dia Mundial do Teatro!
O Mindelact, pensando numa forma de comemorar a efeméride especial para os amantes da arte cénica, acabou encontrando ao mesmo tempo uma forma de promover o Teatro que se faz nestas ilhas ‘afortunadas’, criando o conceito MARÇO – MÊS DO TEATRO, em que em todas as Ilhas onde há grupos de teatro no activo aproveitam para mostrar, para fazer, para partilhar com o público essa magia que são as artes cénicas.

Vejamos aqui no nosso blog, a origem do dia mundial do teatro, num texto de Carlos PintoJornalistaPresidente do Instituto Cultural de Artes Cênicas do Estado de São Paulo e Secretário de Cultura de Santos.(com a devida vénia)

Vinte e sete de março é internacionalmente comemorado como o Dia Mundial do Teatro. Retrocedendo no tempo, anterior ao período cristão e que marca o nosso atual calendário, vamos encontrar a Grécia Antiga, palco florescente de todas as artes, em especial a arte cênica. Talvez por falta de um material mais consistente que remonte aos tempos de Téspis, encenador e dramaturgo que se ocupava de uma carroça para concretizar seus espetáculos em praças públicas, de uma cidade para outra, os grandes historiadores do teatro se concentram na tragédia grega como o ponto inicial dessa arte que até hoje sobrevive a todas as guerras e dificuldades.Para alguns desses historiadores, a tragédia teria nascido de um culto, junto ao altar de algum deus, e que seria uma das maravilhas espirituais do mundo marcando a união de drama e povo, afirmando e fortalecendo a Grécia de então. Para eles, drama tem o significado de ação e, entre todas as ações dramáticas, a tragédia seria a jóia de maior preço. Dificilmente existirá um poeta, um filósofo, um estadista ou um sábio, que não se tenha detido alguma vez, demoradamente, com seu pensamento, analisando a essência da tragédia, porque com certeza sentiu na própria vida os perigos que enfrentou quando, ao se empenhar em grandes tarefas, cruzou com a incerteza, a contingência de uma idéia em que se empenhara.Sentiram, que não chega aquilo que na terra nos é oferecido como compensação de aflições íntimas. Sentiram muito mais: a divindade que não responde ao suplicante, por que não se pode colocar em palavras aquilo que ela poderia nos responder, já que as palavras não passam de uma invenção humana, e nada mais são do que metáforas. A divindade nos deixa apenas pressentir que existe, quer seja através das palavras elevadas dos fundadores das várias religiões e dos profetas, da linguagem dos poetas e escultores, da música e seus compositores ou do sucesso de um feito concretizado com coragem e amplitude de responsabilidade, ou mesmo, de um fracasso resultante da extravagância e da irresponsabilidade humana.Tudo isto alimentou a tragédia antiga, a cujo campo pertencem os conflitos entre a moral e a paixão, a lei e o direito natural, a medida e o orgulho, entre o conhecimento e um impulso inconsiderado que nos tenta levar às estrelas. Da hipertrofia do eu, que resultam as exigências que visam o mundo e raras vezes serão satisfeitas. E, de contrários duros e inexoráveis, nasce a tragédia, a flor escura e turva onde as gotas do orvalho são lágrimas de um deus compassivo.Na decorrência desta criação artística do homem, seguiram-se as várias nuances da arte cênica, desenvolvidas através da comédia grega, do teatro greco-romano, dos mistérios medievais, o drama do renascimento e a comédia dell´arte, o drama pastoril e os dramas populares, o drama shakespeariano, o mimo, a ópera barroca, o teatro popular do barroco, a dramaturgia francesa de Racine, Corneille, Moliére, o drama alemão do iluminismo, a dramaturgia revolucionária do romantismo e do realismo, a dramaturgia burguesa, o drama social, o expressionismo e tantas outras vertentes desta arte que retrata o cotidiano das nações e da raça humana.Pelo tanto de história, e pelo valor que representa na formação e educação cultural da sociedade, brindemos neste 27 de março a mais um Dia Internacional do Teatro, aproveitando para orar aos nossos governantes no sentido de que, dediquem parte do seu tempo a promover a produção cultural deste país. Como dizia Garcia Lorca, "um povo que não ajuda ou não fomenta seu teatro, se não está morto, está moribundo."

segunda-feira, março 19, 2007

LOUCURAS D'AMOR


E aconteceu Teatro!


No mundo da cultura, destaque para as artes cénicas, com Março – Mês do Teatro que prossegue, tendo o fim de semana passado, mais uma vez, sido de sala cheia em todas as sessões, com a estreia absoluta de ‘Loucuras de Amor’ pelo Atelier Teatrakácia.
À hora marcada, porta do Auditório do CCM aberta, filas intermináveis de gente a encher as bancadas nas três noites do Atelier Teatrakácia - no seu quinhão para a promoção das artes cénicas no país - com a estreia absoluta da sua nova peça - Loucuras d'Amor.

Sexta-feira de muita adrenalina... alguns momentos bem suados com alguns acidentes técnicos com a movimentação do cenário e com o som... mas acabou acontecendo à mesma o mistério do teatro. O mistério, mas também a magia do teatro, com os actores, o cenário, o público em sincronia total, a respirar o mesmo ar, e sobretudo a viver a mesma 'estória'.

Nos dias seguintes, sabado e domingo, sempre com casa cheia, as coisas correram melhor já com um melhor ritmo dos actores em geral. Aposta ganha!

E como muita gente não pode conseguir o almejado bilhete... brevemente voltaremos com a reposição do 'Loucuras d'Amor'.

sexta-feira, março 16, 2007

MARÇO - MES DO TEATRO: AGORA E NÔS!!!

Atelier Teatrakácia estreia Loucuras d'Amor

A estreia absoluta da nossa nova peça, é já hoje à noite!!!

Março – mês do Teatro continua em força e com um impacto crescente na Ilha de S.Vicente…
Atelier Teatrakácia estreia este fim-de-semana a peça «Loucuras d'Amor», concebida e inspirada a partir do seriado televisivo dedicado ao dramaturgo brasileiro Nelson Rodrigues – A Vida como ela é.

Depois de algum tempo com as atenções mais viradas para as crianças, dedicando-se mais ao teatro infantil, o grupo aponta agora as suas baterias para um público mais adulto. É que este espectáculo, dizem, só pode ser visto por gente grande. Sinais dos tempos.

A peça tem como tema central uma crise a que muitos casais enfrentam após um determinado tempo juntos, em que, praticamente, deixa de existir um relacionamento amoroso, no verdadeiro sentido da palavra. A traição, a luta para manter um casamento e o relacionamento a três são alguns dos ingredientes que apimentam esta peça que tenta, de uma forma modesta, despertar-nos para estes problemas amorosos que parecem estar a tornar parte do nosso dia-a-dia e não nos estamos a dar conta disso ou então tornou-se normal e banal para nós.

A encenação é de Dicilino Gomes, a partir de textos de Nelson Rodrigues.


Elenco:
Bia Barbosa
Carlos Silva
Ivone Moreira
Magui Lopes
Nuno Delgado
Ró Lima
Valódia Monteiro
Zé Birgitte


Encenação: Dircilino Gomes (Dirce)
Assistente de encenação: Mariza Santos
Cenógrafo: João Brito (Boss)
Guarda-roupa: Mariza Santos
Concepção sonora: Dircilino Gomes
Desenho de luz: Carlos Silva
Iluminação: Luminotecnia Faísca
Voz off: Dircilino Gomes
Maquilhagem e penteado: Noémia Lopes

terça-feira, março 13, 2007

"Loucuras d'Amor" - É já este fim-de-semana!!!


Os ensaios prosseguem... estando já "nos finalmente". Força! E muita merda!!!

encontro marcado para sexta-sabado e domingo próximos no CCM, para a estreia absoluta de "Loucuras d'Amor".

Bilhetes estão já à venda.

Continua a festa do teatro na terra, com 'Março - mês do Teatro' em força! Dois fins-de-semana de muito sucesso de público... agora a nossa vez!

quarta-feira, março 07, 2007

Março - Mês do Teatro: Atelier Teatrakácia com 'Loucuras do Amor'

Os ensaios vão decorrendo, com o stress próprio da montagem de nova peça, mas na tranquilidade... e sob a direcção do recém regressado à terra Dirce.
A estreia absoluta vai acontecer no ambito de Março - mês do Teatro, nos dias 16, 17 e 18 de Março, no Centro Cultural do Mindelo.
Muita expectativa à volta do regresso do Atelier Teatrakácia, com nova peça!
Muita Merda! Que os deuses do Teatro estejam sempre presentes nos ensaios... para uma montagem/construção no mínimo Boa!
Força pessoal!!!

As primeiras actividades vão decorrendo na normalidade, com boa afluência, e com as crianças a responderem em força na assistência na primeira peça deste mês do Teatro - A Invasão do Lixo.

A propósito, deixamos aqui uma entrevista sobre o conceito "Março - mês do Teatro", com o Presidente do Mindelact, João Branco, ao jornal 'Expresso das Ilhas"... com a devida vénia.


O «Março - Mês de Teatro», institucionalizado em 2000, é hoje o segundo catalizador anual de actividades cénicas em Cabo Verde. João Branco, presidente da Associação Mindelact, fala-nos nesta entrevista conduzida pelo jornalista António Monteiro, do espírito e do conceito deste mês dedicado à promoção das artes cénicas. Uma entrevista gentilmente cedida pelo semanário «Expresso das Ilhas».


Entrevista conduzida por António Monteiro

P: Março, Mês do Teatro, que vai ainda na sua primeira semana, tem correspondido às suas expectativas?

João Branco – Olhe, eu tenho sempre a preocupação de definir o espírito do Março, mês do Teatro, antes de começar a falar especificamente do que é que está a acontecer. E tenho a preocupação de informar as pessoas de que o Março, Mês do Teatro, não é um festival de teatro, mas antes um mês de promoção às artes cénicas de uma forma geral. E, ao contrário do festival, que é organizado por uma única associação, neste caso, a Associação Mindelact, o Março - Mês do Teatro, do Mindelact, recebeu, por assim dizer, apenas o conceito. E o conceito é exactamente, esse: um mês de promoção às artes cénicas. O que tem acontecido, nos últimos anos, o que para nós é extraordinário, é que os grupos de teatro e outras instituições ligadas ao desenvolvimento de actividades culturais ou educativas têm pegado nesta ideia e desenvolvido actividades ligadas ao teatro precisamente no mês de Março, solicitando inclusive à Associação Mindelact para que essas actividades sejam inclusas numa programação global chamada Março - Mês do Teatro.

Isso é que é muito interessante: os grupos, nos seus locais, as instituições, nos locais onde desenvolvem as suas actividades, programam iniciativas relacionadas ao teatro para poderem contribuir para este mês dedicado à promoção. A promoção faz-se obviamente fazendo teatro, mas faz-se também promovendo o teatro nas escolas, em conferências, ciclos de documentários, fazendo teatro de rua, promovendo acções de formação, etc. E tudo isto está acontecendo um pouco por todo o país neste momento.

P: Portanto no Março, Mês de Teatro, não há grupos convidados.

JB – Não, no Março - Mês de Teatro, não há grupos convidados. O que há são grupos que preparam as suas actividades para o mês de Março. A produção de cada espectáculo é independente da Associação Mindelact, é da responsabilidade do próprio grupo de teatro que faz o espectáculo. A única coisa que acontece e aconteceu aqui no Mindelo e sei também que aconteceu na Praia, foi que os agentes teatrais se reuniram para de alguma forma coordenar uma programação conjunta de maneira que não houvesse coincidência de data ou grupos a apresentarem-se no mesmo dia. Foi a única coisa que foi feita em termos de coordenação.

Mas cada grupo é responsável pela sua própria produção e vai fazer os seus espectáculos, alguns em estreia aqui no Mindelo, vão também acontecer espectáculos na cidade da Praia, na ilha do Maio, em São Nicolau , no Sal e na Brava. Mas cada um dos espectáculos e cada um dos grupos que está em actividade, está em actividade por sua própria iniciativa. Por isso que eu considero tão interessante o conceito e o espírito do Março - Mês do Teatro que é totalmente diferente do Festival Mindelact que se realiza em Setembro, onde, aí sim, há uma direcção artística e há uma selecção de grupos e espectáculos.

P: Portanto o projecto “Mais Março, Mais Teatro” que surgiu recentemente na Praia e que pretende relançar o teatro na capital vai dentro do mesmo espírito.

JB – Está precisamente dentro do mesmo espírito. Os próprios organizadores fizeram referência ao Março - Mês do Teatro, na altura em que apresentaram esse programa. E nós só podemos aplaudir; anunciamos a programação no nosso site oficial e estamos absolutamente em sintonia com os agentes teatrais da Praia. Não há nenhuma razão para que haja algum tipo de distanciamento. Antes pelo contrário, as actividades que são desenvolvidas em cada local são independentes da Associação Mindelact; a única coisa que solicitamos aos grupos e instituições é que nos informem das actividades que vão decorrer, para que nós possamos fazer a sua divulgação. É só isso, e portanto obviamente aplaudimos com muito entusiasmo o que está a acontecer na capital de Cabo Verde.

P: Como aprecias a aderência, este ano, do Centro Cultural Francês, nas actividades cénicas de Março?

JB – O Centro Cultural Francês respondendo precisamente a este conceito do Março - Mês do Teatro programou dois espectáculos de teatro francófono, tanto na Praia como no Mindelo: um grupo é da França e outro do Senegal. Para nós é uma grande satisfação, porque somos apenas criadores do conceito, mais nada. O resto é da iniciativa de cada instituição e de cada grupo. O CCF poderia ter programado esses espectáculos para Abril, para Maio ou outro mês qualquer, mas fizeram-no agora precisamente, porque quiseram abraçar este conceito e contribuir para a promoção do teatro em Cabo Verde. Aliás costumo dizer, meio a sério meio a brincar, que se um dia a Associação Mindelact desaparecer é provável que o Festival Mindelact acabe também, mas o Março - Mês do Teatro nunca acabará. Justamente porque o Março - Mês do Teatro está absolutamente corporizado na dinâmica teatral de Cabo Verde. São os grupos e as instituições que já têm essa ideia de que em Março se vai fazer teatro, se vai promover teatro e se vão desenvolver actividades ligadas ao teatro.

P: A Assembleia Geral da Associação Mindelact irá reunir no dia 10 de Março, estando prevista a revisão dos actuais estatutos. Porque se tornou necessária esta medida?

JB – É uma pergunta pertinente e acho que é importante informar as pessoas. Já passaram 12 anos desde que foram feitos os estatutos da Associação Mindelact em 1995, na sua Assembleia-geral Constitutiva. O que nós verificamos, principalmente na reunião da última Assembleia-geral em Dezembro do ano passado, foi que era preciso actualizar os estatutos à realidade não só da associação mas também do nosso teatro e à realidade social; enfim, actualizar os estatutos a todas as novas realidades, porque em doze anos as coisas mudam bastante.

Então, nós sentimos a necessidade de fazer essa proposta na última AG de que os estatutos deveriam ser alterados e toda a gente, de facto, concordou. A Associação Mindelact convidou uma comissão independente de cinco pessoas, na qual apenas um dos elementos é da Direcção, que durante cerca de um mês fizeram um trabalho à volta dos estatutos e vão levar para a Assembleia Geral uma proposta de alteração de maneira que estes sejam mais flexíveis e principalmente que estejam mais adaptados à realidade actual.

P: Como tem sido a cobertura dos Órgãos da Comunicação Social às actividades cénicas em geral?

JB – É uma pergunta muito importante, principalmente no que diz respeito ao Março, Mês de Teatro. Sendo um mês de promoção, depende essencialmente de uma boa dinâmica comunicacional, ou seja, de uma comunicação forte, interessada, competente no que diz respeito às diferentes actividades que se desenvolvem. Eu diria que, fazendo um balanço do Março, Mês do Teatro desde de que ele foi institucionalizado, a Comunicação Social tem sido o eixo central do sucesso desta iniciativa: uma excelente cobertura todos os anos, uma preocupação em saber o que se passa, de contactar com os agentes teatrais, a nível dos jornais, das rádios, da televisão. Eu penso que a própria Comunicação Social pegou de uma forma muito feliz no conceito de promoção ao teatro durante esse mês e tem feito o seu trabalho e muito bem. Em relação a isso a Associação Mindelact não tem nenhuma razão de queixa, antes pelo contrário, e parabeniza os jornalistas pelo excelente trabalho desenvolvido.