quinta-feira, janeiro 29, 2009

Jaime Vishal – Jaime Lopes, actor filho de pais cabo-verdianos, suicidou-se…


O artista foi encontrado sem vida em casa dos pais
Aos 30 anos, Jaime Vishal foi encontrado já morto em casa dos pais, com quem morava, no dia 20 de Janeiro. Segundo a autópsia, o actor morreu de paragem cardíaca que, ao que tudo indica, foi provocada pela ingestão de uma grande dose de medicamentos.
Jaime Vishal começou a carreira profissional na televisão em 1998 na série da SIC Médico de Família, tendo sido também protagonista da série Os Jika da Lapa. No seu mais recente trabalho, o actor dava vida ao escravo Tobias da série da TVI Equador, mas desenvolveu também a sua profissão nos palcos de teatro, bem como na sétima arte.
Melissa Tavanez


Nascido a 5 de Agosto de 1978, o actor Jaime [Bruno Almeida] Lopes morreu dia 20 em Corroios (Seixal).
Integrou o elenco de diversos espectáculos teatrais, nomeadamente:

Hamlet, encenado por Ávila Costa (Grupo de Teatro de Letras, Lisboa, 1998);
A Real Caçada ao Sol, de Peter Shaffer, encenado por Carlos Avilez (Sala Garrett, Teatro Nacional D. Maria II, 2000);
Damas D'ama, de Isabel Freire, encenado por Mário Trigo (Teatro Taborda, 2003);
O Dono do Nada, de Amélia Muge, encenado por Adriano Luz (Centro Cultural Olga Cadaval, Sintra, 2003);
Os Lusíadas Rumo ao Oriente, encenado por António Pires (Sala Garrett, Teatro Nacional D. Maria II, 2005);
Os Negros, de Jean Genet, encenado por Rogério de Carvalho (Teatro Nacional São João, Porto, 2006);
A Filha Rebelde, a partir de texto de José Pedro Castanheira e Valdemar Cruz, encenado por Helena Pimenta (Teatro Nacional D. Maria II, 2007).
Cinema

Kunta, realização de Angelo Torres
Lovebirds, realização de Bruno de Almeida
Uma conversa simples, curta metragem
8.8, filme de Edgar Pêra

Televisão

Equador
Vingança
Jika da Lapa
O teu olhar
Lusitana Paixão
Espírito da lei
Médico de Família

“Recordo-o com saudade. Era muito simpático e bom profissional. Irradiava felicidade. Foi uma pena ter-nos deixado”, disse a sua agente Samira Pereira.

quarta-feira, janeiro 28, 2009

Faleceu ontem 27 de Janeiro uma Voz feminina da poesia cabo-verdiana… Adeus a Yolanda Morazzo


Nasceu a 16 de Dezembro de 1927, nesta ilha de S. Vicente.
Yolanda Morazzo era neta de José Lopes da Silva.
Uma das raras poetisas cabo-verdianas desse período colonial... e a única voz feminina na revista Claridade.

Frequentou o Liceu Gil Eanes do Mindelo e concluiu os seus estudos liceais em Lisboa, para onde foi em 1943, e onde fez os cursos de Francês no Instituto Francês e o de inglês no Instituto Britânico.

Emigrou para Angola onde foi professora da Alliance Française em Luanda. Deixou Angola em 1975 na sequência da descolonização e regressou a Lisboa onde se manteve até à morte, ontem, vítima de doença prolongada, aos 80 anos de idade.

Grau académico: Doutoramento, 1988, Lisboa, Estremadura, Portugal. Sobre a escrita desse seu parente e um dos expoentes máximos da Literatura Cabo-Verdiana... Baltazar Lopes da Silva.

• Colaborou na Claridade, Cabo Verde - Boletim de Propaganda e Informação, no Suplemento Cultural; Ponto & Vírgula e Artiletra nos portugueses Artes e Letras do Diário de Notícias; nos angolanos Província de Angola, Jornal do Lobito, Notícia, República, etc.
Figura em: Modernos poetas cabo-verdianos - Antologia, Praia, I. Santiago, 1961;
Nós somos todos nós. Antologia Portugalidade, Luanda, Angola, 1969;
A mulher e a sensibilidade portuguesa, Luanda, Angola, 1970;
e No reino de Caliban - Antologia panorâmica da poesia africana de expressão portuguesa, Lisboa 1975.

• Publicou: Cântico de Ferro, Lisboa, 1976, e Poesia Completa 2004
Elsa Rodrigues dos Santos, em entrevista para o Artiletra, em Dezembro de 2006 dizia dela:

"Nha terra é quel piquinino

É São Vicente é que di meu"


Nas praias
Da minha infância
Morrem barcos
Desmantelados.
Fantasmas
De pescadores
Contrabandistas
Desaparecidos
Em qualquer vaga
Nem eu sei onde.
E eu sou a mesma
Tenho dez anos
Brinco na areia
Empunho os remos...
Canto e sorrio...
A embarcação
Para o mar!
É para o mar!...
E o pobre barco
O barco triste
Cansado e frio
Não se moveu...

Este poema – Barcos - encontra-se no CD Poesia de Cabo Verde e sete poemas de Sebastião da Gama, de Afonso Dias.

Lavagem de Capitais - pôr na prática


Apraz-nos aqui realçar esse momento vivido a 27 de Janeiro na Assembleia Nacional, com todos os deputados presentes sintonizados com Cabo Verde…
Conforme escreve
http://www.asemana.publ.cv/spip.php?article38639 “Em relação à lei da lavagem de capitais, todos os sujeitos sublinham a ideia de que Cabo Verde precisa apertar as malhas do crime organizado e a chamada lei de lavagem de capital globalmente pode dar uma boa resposta a este desafio. Mesmo porque na apresentação do referido diploma, a ministra da Justiça, Marisa Morais, defendeu que “pouco serve apreender drogas, se os traficantes continuam com altas somas na sua conta bancária” para realimentar as actividades criminosas.”

Palmas! Esperando que momentos como esse venham a acontecer cada vez mais na nossa NA. Por um Cabo Verde cada vez melhor.

terça-feira, janeiro 27, 2009

PAZ...Israel - Palestina


Enviar George Mitchell para o Médio Oriente é cumprir a minha promessa de campanha de que não vamos esperar até ao fim da minha administração para abordar a paz entre Israel e a Palestina. Vamos começar já”.
E vai avisando que a sua Administração queria começar por ouvir e falar com os envolvidos, sem julgar antecipadamente as suas preocupações.
Obama que acrescenta: já é tempo para Israel e os palestinianos retomarem as negociações de paz”.

OBAMA em entrevista à cadeia árabe Al Arabiya.

segunda-feira, janeiro 26, 2009

Blog Joint - Ensino Superior... com Qualidade Superior


Crise anunciada no Ensino dito Superior plantado no chão das Ilhas.

Nem oito… nem oitenta! – A verdade é que serem os estudantes obrigados a sair do país para poderem continuar os seus estudos superiores noutro país qualquer, como foi norma nos primeiros anos da independência e até há poucos anos trás… é no mínimo castrador em diversos aspectos. Desde o ‘cortar’ com a família, com a cultura, com os amigos, com o estilo de vida, e sobretudo a obrigação de aprender e estudar em língua estrangeira… sem esquecer o reduzir drástico das possibilidades de ter essa faculdade – o acesso.

Mas referimo-nos a isso (nem oito… nem oitenta!) pelo facto de sentirmos, nos últimos anos, a sensação de que, agora, a preocupação maior é a proliferação de cursos superiores, relegando para segundo plano esse outro aspecto, também ele fundamental: a qualidade desse ensino.
Ficamos com a sensação de que, agora, o que interessa é criar, criar, criar… e não pesquisar, organizar, reunir as condições para ministrar cursos superiores de superior qualidade.
Cursos superiores que, não obstante as nossas pretensões, de superior só têm quantidade… quando é de se exigir que esses cursos superiores o sejam pela qualidade.
É caso para dizer: Qualidade superior para o nosso Ensino Superior, procura-se... almeja-se… e que se deve trabalhar nesse sentido. Mas infelizmente os sinais que saem e a prática não vão nesse sentido.

“A proibição (Constitucional) de o Estado programar a educação e o ensino segundo quaisquer directrizes filosóficas, estéticas, políticas, ideológicas ou religiosas” não deve afugentar o Estado de programar, de pensar, de organizar… e em relação ao privado, de fiscalizar e de exigir um nível mínimo.

É caso para pedir que se encare, à imagem do que se passa noutros países, a possibilidade de criar um Instituto de Investigação de Políticas do Ensino Superior para podermos voltar a acreditar na qualidade – amanhã, pelo menos! – do nosso ensino superior, privado e público. Com a missão de juntar mentes formadas e esclarecidas, para além do necessário ‘know how’, e desempenharem as actividades necessárias primárias para a instauração/instalação paulatina, programada do nosso Ensino Superior.
E esse Instituto teria o objectivo permanente de ajudar a aprofundar a investigação, de forma a fazer nascer, e com o tempo, fazer avançar o pensamento crítico cabo-verdiano… ao mesmo tempo que promoveria um entendimento informado sobre as questões vitais das políticas de ensino superior a nível nacional.

O Instituto seria a pedra angular do Ensino Superior no país, coordenando, sempre através da interacção com os mais variados agentes do sector, os projectos de investigação que desaguariam nas linhas mestras para o desenvolvimento desse objectivo. Projectos e Ideias que abordam todos os tipos de questões relacionadas com as políticas do ensino superior, e que também devem reflectir a grande diversidade das formações académicas possíveis para estas Ilhas.

Promover um debate sobre as questões-chave das políticas do ensino superior.
Estudo e apresentação de propostas que ajudem o Estado a cumprir com a obrigação (Constitucional: acessível a todos) de facilitar o acesso, pela equidade, pelo menor custo.
Análise aprofundada dos Currículos e da necessidade de banalizar a ideia da eficácia duma avaliação constante… sem esquecer a sistematização das equivalências.
Apoiar o avanço do conhecimento sobre as políticas do ensino superior.

Nem oito… nem oitenta! Porque não queremos que situações como a que aconteceu com a primeira ‘fornalha’ de arquitectos formados no país, se torne corriqueiro e normal. Porque nunca será normal que num país pobre como o nosso, cheguemos ao ridículo de investir, gastar tempo e dinheiro… com brincadeiras. Felizmente, os sinais da UniCV parecem ser noutro sentido.

BLOG JOINT PROJECT

· Bianda - http://bianda.blogspot.com/

· Ku frontalidadi - http://kufrontalidade.blogspot.com/

· Cafe Margoso - http://cafemargoso.blogspot.com/

· geração20j73 - http://geracao20j73.blogspot.com/

· Blog di Nhu Naxu - http://alibemtempu.blogspot.com/

· Tempo de lobos - http://tempodelobos.blogspot.com/

· Passageiro em Transito - http://passageiroemtransito.blogspot.com/

sexta-feira, janeiro 23, 2009

Salvador Dalí – 20 anos depois…


Vinte anos se passaram. Posso afirmar que nesses vinte anos… ele se manteve sempre presente. Pelas suas obras. Pela força e beleza das suas obras que são um ‘must’ no mundo de hoje! Afinal ele foi um dos artistas mais marcantes do século XX.
Pois é, hoje 23 de Janeiro, assinalam-se 20 anos sobre a morte do pintor espanhol Salvador Dalí, esse expoente máximo do surrealismo. Salvador Dali marcou porque era amado e odiado em igual proporção, pois foi uma figura polémica e provocadora até aos limites, como só Artista singular pode ser, com a complacência de todos. A vida de Dalí é feita de mil e um argumentos possíveis de outros tantos filmes… de acordo com a iniludível excentricidade da sua obra, mas também da sua vida.
Aliás a genialidade e a loucura, não dissimuladas, estiveram sempre presentes na sua vida pessoal e artística.
A importância de Salvador Dali não se restringe à pintura. A sua visão artística original foi colocada ao serviço do cinema, através de duas colaborações com o realizador Luís Buñuel ("Un Chien Andalou" e "L'Age D'or"), Alfred Hitchcock ("Spellbound", 1945) e Walt Disney ("Destino", lançado postumamente em 2003).
Um dos seus quadros mais famosos, "A Persistência da Memória" (1931), é uma obra espantosa sobre a importância do tempo e da memória no ser humano. Contudo, segundo o artista, este quadro foi o resultado, apenas, de uma reflexão sobre a natureza do queijo Camembert...
A sua musa e companheira durante décadas, Gala, após ter visto concluído o quadro dos relógios flácidos, disse a Dalí: "Quem quer que veja este quadro nunca mais o esquecerá".
Dalí, personalidade ímpar, megalómana, excêntrica, egocêntrica, insurrecta, deixou o mundo há 20 anos.
O artista provocador que um dia disse:
"Com seis anos de idade eu queria ser cozinheiro. Aos sete queria ser Napoleão. E minha ambição nunca parou de crescer desde então".


Style: Surrealism
Lived: May 11, 1904 - January 23, 1989 (20th century)
Nationality: Spain

quarta-feira, janeiro 21, 2009

Esperança Renovada

“A nossa economia está muito enfraquecida, consequência da ganância e irresponsabilidade de alguns, mas também nossa culpa colectiva por não tomarmos decisões difíceis e prepararmos a nação para uma nova era”

Que o Homem tenha dito isto, logo no início do seu discurso, como se estivesse já na garganta pedindo para jorrar, deixa-me com um sentimento de ‘esperança-renovada’.
Esperança de que consiga lutar e vencer o status quo que há muito tem montado um sistema mundial em que ‘poucos-mas-muito-ricos’ decidem e manipulam e desfazem tudo, a seu bel prazer… para manter numa pobreza miserável crescente, os ‘muitos-mas-muito-pobres’.
Este mundo globalizado em que os ‘todo-poderosos’ (a ganância e o poder, de mãos dadas) querem provar que toda a riqueza do mundo (extorquida a que preço for)… cabe nos bolsos de alguns poucos…
Renovada a esperança…

sexta-feira, janeiro 16, 2009

O Comandante das Aguas Turvas


- Há, ou devia haver, sempre (!) um Vasco da Gama nas nossas vidas…
- Como? Hoje destes para anedotas?
- O pior é que o meu, precisa ainda ser descoberto por mim… E digo, por mim, porque tu bem que o podes ter descoberto por ti… aliás como já mo dissestes bastas vezes…
- O que dizes querido?
- Não acredito… Quarenta e dois anos a viver comigo mesmo… e nem Índias nem Américas para mim.
- O que se passa contigo, Amílcar? Falas, falas… e não comunicas. Que história é essa?
- Eu só tenho um Porto conhecido e seguro.
- Sonhastes querido?
- Porto seguro… Ahn?
- Ahn! Eureka, parece que acordastes agora. Amílcar Eugénio Lima…
- Hum. Acordei agora? Guida, não brinques comigo. Estavas a falar comigo? O que foi que dissestes? Desculpa-me…
- Há que tempos te estou a falar, e não me respondes…
- Quem? Eu? Comigo?
- Claro! Alô! Estás a ver mais alguém aqui em casa? O nosso Eugénio… esse, já só nos enche a casa nas férias… Ah Amílcar, que saudades do nosso menino…
- Ah não! Outra vez, não!
- Todas as vezes. Todas as vezes…
- Margarida! Margarida querida, de novo?
- Novo? Não há nada de novo. A não ser este vazio deixado pelo nosso menino ausente…
- Ah! … Eu preciso. É uma necessidade. Mudar de cenário. Mudar de corpo. Co-habitar… apoderar… existir… descobrir… encontrar-me… n'outro cenário.

(excerto de conto em construção) A propósito de 'certas comunicações' in blogs made in CV

terça-feira, janeiro 13, 2009

13 de Janeiro - Liberdades...

Pedro Pinto


Teatrakácia…
(Editorial)
um espaço onde possa falar do amor pelas Artes e pelo Teatro em particular…
pelo amor por estas Ilhas que continuam a ser ‘madrastas’ para a maioria esmagadora dos seus filhos…
aos poucos, (porque não?) tentar acompanhar e fazer parte da blogosfera creoula e… tentar exercer esse direito que o ‘berdiano’ também deve ter no concerto das nações modernas e democráticas…
lutar para que, cada vez mais se solidifiquem as liberdades todas nestas Ilhas Afortunadas (afortunadas aqui mais no sentido da negação de fortunas = materiais...).

E nada como o exercício, para criar e montar e construir esse hábito que, infelizmente, ainda não é uma ‘instituição’ no país.
Na Lei-mãe elas existem… só que as mães ainda não as ensinam/passam de forma científica… (o passado mais ou menos recente, ainda está muito fresco), a cultura ainda não a adoptou e muito menos sedimentou…
O direito de todos à livre expressão – com respeito devido ao outro que, naturalmente pode e deve discordar… - é um desiderato que ainda, em termos colectivos e de sociedade civil, está bem longe…
O direito à crítica aos poderes instituídos… sem ser engolido pelas máquinas ‘trituradoras’ partidárias…
E o direito à livre expressão de ideias mesmo que disparatadas… (este direito então, estará muito mais longe!)
É que, a blogosfera cabo-verdiana pode ser – é desejo meu, com o tempo - uma forma de ‘exercício mais ou menos colectivo’ de escrever aprendendo a colocar e assumir ideias/críticas/merdas/preciosidades outras que não as habituais ‘cenas do finge-opinar’, com esboços de argumentos minuciosamente medidos pela auto-censura… desaguando no ‘politicamente correcto’ dos pseudo-críticos e da ‘manada’ que será aquela camada que pulula à volta dos políticos, dos cargos mil, e dos negócios…
Enfim, mil e uma formas outras de dizer e de pensar o país, a actualidade, os problemas da terrinha… que habitualmente não cabem ou não interessam aos editoriais mais ou menos comprometidos dos órgãos de comunicação social existentes…
As ideias, os debates, os sonhos, as críticas, estapafúrdios e ‘non-senses’ da blogosfera são o que são… não representam nada… mas juntos tentam remar contra a maré… e um dia terão outro peso…
Por enquanto são vários ‘espaço meu, individual e tão livre quanto possível’. E poucos são um pouco mais, pois incluem no seu seio ‘vozes mil outras’ desta sociedade civil que teima em não existir como tal…
Pedro Pinto

A propósito, retomo esta frase que deixei em género de comentário, há dias, no Café Margoso: ‘Liberdade de expressão! Sou até capaz de morrer por isso… Mas vendo bem as coisas neste sec.XXI... onde quase tudo e todos foram 'levados' à força (quase) para a Democracia e as Liberdades totais... dizia, analisando bem, nas democracias, as liberdades são um pouco como... liberdade para 'brincar', 'exprimir à vontade'... mandar as bocas todas... mas na hora de 'decidir e mandar mesmo'... DECIDEM E MANDAM os poderes... e só contam os que contam...
Os 'badamecos' têm a liberdade de discordar, reclamar, blogar como quiserem... mas... os que contam não estão nem aí para os 'meninos' e decidem e fazem o que acham que devem e como devem...
Qualquer semelhança com a realidade é pura coincidência?!

E agora ocorre-me esta situação pensada e escrita por Luis Fernando Veríssimo, que é sintomática, e diz tudo sobre a forma como os poderes se protegem e dividem entre si as riquezas do país:

“Pegaram o cara em flagrante roubando galinhas de um galinheiro e o levaram para a delegacia.

D- Delegado L - Ladrão

D - Que vida mansa, heim, vagabundo? Roubando galinha para ter o que comer sem precisar trabalhar. Vai para a cadeia!
L - Não era para mim não. Era para vender.
D - Pior, venda de artigo roubado. Concorrência desleal com o comércio estabelecido. Sem-vergonha!
L - Mas eu vendia mais caro.
D - Mais caro?
L - Espalhei o boato que as galinhas do galinheiro eram bichadas e as minhas galinhas não. E que as do galinheiro botavam ovos brancos enquanto as minhas botavam ovos marrons.
D - Mas eram as mesmas galinhas, safado.
L - Os ovos das minhas eu pintava.
D - Que grande pilantra... (mas já havia um certo respeito no tom do delegado...)
D - Ainda bem que tu vai preso. Se o dono do galinheiro te pega...
L - Já me pegou. Fiz um acerto com ele. Me comprometi a não espalhar mais boato sobre as galinhas dele, e ele se comprometeu a aumentar os preços dos produtos dele para ficarem iguais aos meus. Convidamos outros donos de galinheiros a entrar no nosso esquema. Formamos um oligopólio. Ou, no caso, um ovigopólio.
D - E o que você faz com o lucro do seu negócio?
L - Especulo com dólar. Invisto alguma coisa no tráfico de drogas. Comprei alguns deputados. Dois ou três ministros. Consegui exclusividade no suprimento de galinhas e ovos para programas de alimentação do governo e superfaturo os preços.
O delegado mandou pedir um cafezinho para o preso e perguntou se a cadeira estava confortável, se ele não queria uma almofada.
Depois perguntou:
D - Doutor, não me leve a mal, mas com tudo isso, o senhor não está milionário?
L - Trilionário. Sem contar o que eu sonego de Imposto de Renda e o que tenho depositado ilegalmente no exterior.
D - E, com tudo isso, o senhor continua roubando galinhas?
L - Às vezes. Sabe como é.
D - Não sei não, excelência. Me explique.
L - É que, em todas essas minhas atividades, eu sinto falta de uma coisa. O risco, entende? Daquela sensação de perigo, de estar fazendo uma coisa proibida, da iminência do castigo. Só roubando galinhas eu me sinto realmente um ladrão, e isso é excitante. Como agora fui preso, finalmente vou para a cadeia. É uma experiência nova.
D - O que é isso, excelência? O senhor não vai ser preso não.
L - Mas fui pego em flagrante pulando a cerca do galinheiro!
D - Sim. Mas primário, e com esses antecedentes...

Já dá para ‘ver o filme’…
Enquanto situações dessas acontecem no país, não há razão para celebração de liberdades, nem para júbilo com PDM, para derreter em felicidades… não se consegue respeito pela Justiça e sobretudo, reconhecimento para a política e os políticos.

sexta-feira, janeiro 09, 2009

2009

Já conhecemos – até agora - apenas 9 dias deste novo ano… e há um quê de cinematográfico no ar!
Argumentos mil vêm sendo expendidos por estes dias… é verdade que o cenário tem estado centrado mais na faixa de Gaza e no drama humano, onde milhões de inocentes, sem fazerem parte do elenco principal, nem terem feito casting demonstrando vontade de entrar/fazer parte… e nem estarem no plateau, vivem o drama e foram transformados em actores de um filme de guerra real.
Cameras mais ou menos escondidos focam os danos colaterais…

Zooms generosos sobre os decisores que são uma espécie de produtores que, com flash-back’s, tentam ajudar a entender ou a desviar da estória/argumento com o objectivo de manter o suspense… e o interesse.

Mesmo com muitos silêncios e omissões de uns e outros, mais preocupados com a promoção.

Por outro lado, a paixão pelo cinema tem ‘puxado’ muitos bloggers para posts à volta da Sétima Arte, notaram? Espreitem lá!
Porque será?

quinta-feira, janeiro 08, 2009

Vulcão do Fogo - Maravilha do Mundo!!!

Domingo passado, no programa da RCV, Telefonia, anunciámos a participação de Cabo Verde, com o Vulcão do Fogo, nas novas 7 Maravilhas da Natureza do Mundo, com informação sobre as votações on-line interrompidas desde o dia 1 e até este último dia 7 de Janeiro, contrariamente ao que escreve o http://www.asemana.publ.cv/.
Hoje regressamos ao site e demo-nos conta de que, como programado, se entrou numa segunda fase, e que o Monte Fogo na categoria de Montanhas, continua disponível para votação…
‘Welcome to the second phase of the Official New7Wonders of Nature campaign!
The national qualifiers are now over, and you can vote for your chosen seven from the list of 261 qualified nominees.
Please browse through the list of the nominated nature sites by a click on the world map below.
All nominees are clearly defined natural sites or natural monuments that were NOT created or significantly altered by humans for aesthetic reasons.’
O nosso Vulcão do Fogo lá está… mas - surpresa! - ainda não tem uma oficialização de candidatura, o tal Official Supporting Comittee (OSC), condição ‘sine qua non’ para poder passar à próxima fase dos finalistas.
Ainda lá está:
'Mount Fogo
CAPE VERDE
Mount Fogo is the highest peak of Cape Verde, the archipelago off the western coast of Africa. Mount Fogo rises to 2,829 meters above sea level, and is an active stratovolcano lying on the island of Fogo.

Vote now for Mount Fogo '



O nosso Ministério da Cultura não acredita nas potencialidades dessa candidatura do Vulcão do Fogo? Alguma instituição outra se candidata… ou mesmo alguém se candidata? É possível, com autorização expressa do Governo.
No site da New7Wonders está disponível o boletim de inscrição para suporte oficial da candidatura.
Mas é preciso, no mínimo, acreditar. E como dizem as regras… IF YOUR NOMINEE DOES NOT HAVE AN OFFICIAL SUPPORTING COMMITTEE, IT WILL NOT BE ABLE TO BE SELECTED AS A FINALIST.
Pois… e, just in case… To start an OSC, please download the contact form below – lá no site http://www.new7wonders.com/ - and send it via FAX to +49-89-818 196 033. We will the will contact you with further details and instructions for next steps.
Ou será que não vai haver mais ‘steps’ para a nossa candidatura? E, já agora, gostaria de saber… como é que ela lá foi parar?

terça-feira, janeiro 06, 2009


Este fim-de-semana, entre Sábado e Domingo, vi em casa, três filmes. Por sinal, três bons filmes: ‘Amor em tempo de cólera’, ‘Mamma Mia!’ e revi ‘Tudo sobre a minha mãe’.
Vi os filmes… mas não estive no cinema… não fiquei envolvido a 100% embora tenha deixado rolar uma ou outra lágrima… a entrada no clima do filme foi bastas vezes interrompida: puz em pausa para responder o telefone, fui ao frigorífico, fui desconcentrado pela algazarra dominical chinesa… Nada como o ‘escurinho do cinema’…
E lembrei-me, obrigatoriamente dos dois cinemas de Mindelo – Éden-Park e Mira-Mar. Inclusive, continuando a ‘descer no tempo’, na canseira especial de ver um filme na ‘geral’. O olhar panorâmico que não dava para ver o ecrã na íntegra… tal a proximidade do grande ecrã… a necessidade de estar a fazer ‘travellings’ com a cabeça para poder ver toda a cena, todos os pormenores… 5 escudos = dois filmes… Coisas que só a infância e os tempos de ‘teenager’ encaixam sem problemas. Depois, melhores tempos: os lugares cativos em todas as estreias… Bons velhos tempos!
O Éden-Park - da magia, dos sonhos... essa janela aberta para o mundo, que era para mim e para todos, creio eu, na altura de menino de liceu aprendiz das coisas da vida e do universo - continua lá, fechado, à espera para cair de podre, antes que o derrubem de vez, para em seu lugar se erguer um 'monstruzinho' qualquer sem brilho e sem história. Fala-se em centro comercial.
Uma cidade cosmopolita como Mindelo pretende, sem um único Cinema... dá para entender? Enfim, o Éden-Park, sala mítica, sagrada, desejada... já era! Nem Cinema, nem sala de espectáculos para grande público. E no ecrã das minhas memórias desfilam imagens mil de sessões e noites de gala marcantes… que aos poucos se vão desvanecendo… mas teimosamente ecoam os sons desse espectáculo inesquecível da primeira apresentação da 'Voz de Cabo Verde'…
É, continua a soar nesse espaço e em muitas mentes de gente que viveu euforicamente esse evento marcante para a história da música da terra... Uma saudade imensa, mas também muita indignação!
Mindelo já teve salas de cinema… no passado. Hoje, estão ambas fechadas, decadentes, a cair de podre…
Ainda encantado com as boas recordações da magia perdida, entro na net e leio: ‘Uma “Broadway chinesa”, com 32 salas de espectáculos, vai ser construída nos próximos cinco anos em Pequim…’
Eu não queria uma ‘Broadway’, nem americana nem chinesa… uma ‘Éden-Parkezinha kreoula’…